terça-feira, 29 de junho de 2010

Coração-lar


Nestes dias frios queria você aqui
Não preocupe-se não, minha mãe
É só essa necessidade de aconchego
No teu doce colo-ventre-pátria
Esse cheiro do alimento vindo de ti
Minha paz e conforto instaurados
Quando estou sob teus olhares
Plenos de luz, amor e doação
É só um fim que quero dar na solidão
Desses dias longos de inverno rígido
E uma vontade de dormir abraçada a ti
Por que mãe, um dia a gente tem que sair
De onde não devia ter deixado nunca?
Por que ter que abandonar o ninho
Deixar para de vez em quando o carinho?
A vida é assim, não é, mãe?
Ambas sabemos a importância de crescer
E aprender a se fazer o conforto de outro ser
Costurarmos essa colcha de retalhos em outras teias
Sem contudo perder o sangue de nossas veias
Mas quero dizer sem ter que chorar
E se for preciso que eu chore então
Que sempre estarei agarrada à tua mão
E dentro de ti, no coração, meu lar

terça-feira, 22 de junho de 2010

Infância


Vem em mente doces lembranças
Do meu tempo de criança
Lambuzada de manga doce
Apanhadas no galho mais alto
Chegava a tocar o céu
O cheiro doce da travessura
Inventada e almejada
Brincadeiras inocentes
A ilusão do nirvana
Liberdade e fantasias
Nas quais acreditava
E eram fadas e duendes
Princesas e outras fábulas
E hoje
Na magia das lembranças
Há esperança e alegria
De ser ainda um pouco criança

domingo, 20 de junho de 2010

Bordando Sentimentos

Costurando palavras
Bordando sentimentos
Vou tecendo esse véu
Que paira sobre nós
A lua acesa no céu
Desfazendo os nós
Rompendo auroras
Na fraca luz do quarto
Abraçada ao travesseiro
Sonhos refazendo-se
Deixando apenas
O que nos resta
Colagem de alquimia
Enxoval de quimera
E tudo mais é amor
Silêncio e luz
E tudo mais é paz

segunda-feira, 14 de junho de 2010

"The great gig in the sky"


Amiga,
Teu semblante de luz
Chega agora à minha mente
Através de tua voz melodiosa
"The great gig in the sky"
Juntando os cacos de onde me perdi
"Eu não estou com medo de morrer"
Porque cada vez que juntas morremos
Reuniões secretas, incertas, corretas
Sorrindo e vivendo essas nossas vidas
Permeadas de satisfação e dores
Cada vez que nos entendemos bem
E assim, plenamente nos encontrando
A compreensão mútua em forma de luz
O céu distante mas demasiado perto demais
Duas vidas entrelaçadas, seguindo o rumo
Eu estou em ti e tu em mim,  como o cosmo
Seguindo a cauda desse enorme cometa
Que nos leva além alma e além mundo
Buscando a paz de uma amizade sublime
E acima de tudo ouvindo o sussuro distante
The great gig in the sky...

Para minha amiga de outros tempos, de sempre e além
Hená Deslandes.

domingo, 13 de junho de 2010

O Ser Amor


O amor faz perder-se
Para então encontrar-se
Amor é dádiva sagrada
Sem definição correta
Mas nunca palavra incerta
Por estar além da compreensão
O amor anda nos ares
De quem o sabe conquistar
Palavras doces, carinho pleno
Quando dói, sinal que é real
Por mais que se tente enganar
A vida, sua morada
O coração, seu lar
Amar é estar vivo
É respirar suspiros vários
É canção de tons sublimes
É desapego e sossego
Ser amor é repartir a paz

sábado, 12 de junho de 2010

A mãe que és...!


Mãe com três letras apenas
e a dimensão
de amor,
carinho e dedicação
que tens nesta Vida!


como Mãe e Pai
constrois o rumo
dessa criança
(o Rafa)
que além do nome
lhe chamo futuro!

Sofro contigo
as horas de angústia
e ansiedade
na tua busca
do seu rumo
da sua felicidade
até à vitória final!

José Manuel Brazão

Para ti Lu; a Mãe exemplar Luciana Silveira.

Uma linda e emocionante homenagem do Zé...
Sinto-me feliz e lisonjeada...
Bjs, Zé

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Da tradução e solução do enigma


Às vezes é necessario
Uma pausa na vida
A solidão enxertada
Aquela, sábia e necessária
Para nos manter vivos
Nesses momentos vívidos
Mergulha-se no âmago de Ser
A mente quieta, tranquila
E a vida segue seu rumo
Com uma lucidez paralizante
Balanços de prós e contras
Lembranças do que se foi
Esperança do que ainda virá
Mas é preciso paz e luz
Olhos e coração abertos
Diante do espelho interno
Tradução completa do reflexo
Não há inverso ou máscara
Apenas a tentativa, vã ou não
Da solução desse enigma

terça-feira, 8 de junho de 2010

Asas partidas


A música que ouvia ao longe
Adentrava-se em meu coração
Revirando ternos sentimentos
De paz, alegria e bem querer
Sua melodia sábia e melancólica
Remete-me a bons tempos idos
Entoando aos meus ouvidos
Tudo aquilo que poderia ser
Esse tom abençoado é luz mas solidão
Nas noites frias e insones de reflexão
É tristeza mas também compreensão
Algo em meu peito querendo extravasar
Sair de mim, e se encantar
Quando foi mesmo que saí do rumo
Perdi o prumo e a doce fantasia?
Agora a noite transformando-se em dia
E o coração totalmente fora da melodia
Ah alma minha, como eu gostaria
De caminhar novamente nos trilhos
Sentir a música, seus tons e brilhos
Meu coração aberto com enredo
E a melodia soando sem segredo
O encontro derrotando o medo
Minhas asas agora pequenas e partidas
Alando-se  leves ao frescor do vento

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Alegria submersa

O verdadeiro amor é doação
É renúncia, entrega e espera
O amor transpõe distâncias
Doce e terno, nunca rispidez
Reinventa-se a cada minuto
Segue em suas alternâncias
Num sentir pleno e vívido
É uma eterna e bela aliança
Entre a paz, o amor e harmonia
Amanhecendo em cada dia
Seguindo os passos do coração
É compasso, nunca escasso
O amor original, longe do animal
Possui  fel transformado em mel
Irradia-se para além de máscaras
De vontades próprias ou capas diversas
O amor contém a sabedoria íntima
De que não se prende, sufoca ou força
É a alegria do outro submersa em nós