segunda-feira, 23 de junho de 2008

Encruzilhadas


O céu estrelado banhado com uma imensa lua cheia iluminava o caminho de Anne, que simplória de vida e de coração, morava na beira do mar.
Ela caminhava em direção à praia na esperança de que ele aparecesse e a fizesse novamente sorrir.
Qual o que? Pura ilusão. Dia após dia ele golpeava seu coração, que ainda estava cicatrizando-se pela perda do último amor...
Foram anos e anos sem sentir aquela sensação, de coração acelerado, frio na barriga, um “não conseguir expressar-se”, às vezes até calafrios...
Sem perceber, sem avisar, nem precisar, sem entender, sem amarrar, nem pressionar...
Foi de um tempo pra cá que ela percebeu-se encantada, emocionada, apaixonada por Pedro, “ai Pedro, seu sorriso era simplesmente a medida de todas as dores e ao mesmo tempo um querer mais que bem querer.”
Havia intermináveis noites de espera, reza, súplica...
Mas Pedro: “Apenas uma fumaça distante no horizonte”.
Enquanto que Anne, como Helena, todas as noites esperava seu amor voltar de seu longínquo esconderijo.
O que não sabia Pedro é que mesmo fugindo carregamos dentro de nós, o sentimento que se quer esconder ou sufocar. E havia fugido para se defender de um sentimento que de tão infinito lhe dava medo. Não, Pedro não saberia lidar com esse sentimento forte e não queria perder o controle de sua própria vida. Pedro não sabia o que era o amor.
"Amar não é apoderar-se do outro para completar-se, mas dar-se ao outro para completá-lo." Com Anne ele havia decorado a lição mas não havia apreendido o verdadeiro significado.
Sempre há o caminho mais fácil, onde por medo de perder acabamos perdendo.
Até quando Anne o esperaria? Guardaria as lembranças a sete chaves? Viveria do que passou? – essas perguntas passavam pela cabeça de Pedro, que atormentado descobrira a importância de Anne em sua vida.
E era assim: enquanto Anne descansava lívida, Pedro sucumbia ao pânico.