sábado, 21 de novembro de 2009

Onírico 2



Devo dizer
Há algo estranho em meus sonhos
Com um salto volto lá atrás
E são lares habitados por mim
Sombrios casarões, inúmeros quartos
O quarto crescente da lua a iluminar
Velhos porões embotados de recordações
A infância vivida na brisa aconchegante
Espaços outrora preenchidos por meu corpo
Espaços inundados de minha alma fugidia
E no invocado inconsciente, as escolhas
Dentre elas, uns acertos, vários erros
Como num passe de mágica, do salto ao vôo
Vou além de onde posso ir, presa que estou
Um corpo denso a enraizar-me no solo árido
A alma sedenta de liberdade e amplitude
Sonhos de vida pulsante, inebriante
Lucidez embriagada e extirpada de mim
Velhas caravelas em mares densos
Pessoas queridas ao meu redor
Saudade querendo o que é seu por direito
Bebês, crianças, adolescentes, adultos, idosos
Mortos
Todos eles, em mim.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O que há


E agora, onde, senhores, pode estar a mola propulsora de todas as dores?
Onde buscá-la, quando é permitido entrar em suas conjunturas,
Emaranhar-se em suas longas espirais ?
Vitrais de beleza e medo, escolhidas no tempo ido,
Ou talvez, caros senhores, no tempo em que fomos banidos.
Desejo... seria ele o repugnate atraente, primórdio,
O vilão vil dessas amarras
Em meu peito.
E nos seus, pobres senhores.
Do lado de lá, onde tudo é revelado, fim dos dogmas,
Do lado de cá, o penar, nos podando as asas, tristes senhores,
A nos sufocar...
Emaranhados em miscelâneas douradas,
Teias da dor-beleza-desejo-medo.
Estão assustados, meu senhores?
Mas é isso o que há.