quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pequeno tratado sobre mim




Nasci de olhos e mãos abertas para esse mundo. Fui bem recebida, acolhida, amamentada e amada. Fui sim, a criança mais feliz que conheci. Brinquei até hoje e seguirei assim. Sempre gostei de ampla visão, por isso vivi subindo em telhados, muros, construções. Mas sobretudo trepei em árvores frondosas, onde fazia minhas casas com lençóis e bonecas. Mais ainda, saboreei frutas maravilhosas, lá de cima, só pra ser mais feliz. Caía, levantava, sacudia a poeira e sorria. Amava o fogo, cheguei a ser incendiária, desde tenra idade. Ateei fogo para dançar com salamandras. A água, ah, como sempre amei a água... Nela quase fui-me por duas vezes, uma no rio, outra no mar. Fiz do Santo Antônio meu berço, de cachoeiras minha paz e do mar minha recarga de energia. Brincava com pessoas para fazer a vida brilhar ainda mais. Muitas vezes, na mais absoluta inocência, fiz coisas desagradáveis, para arrancar risos, brilho esse que sempre prezei. Amei com transparência e sem resguardar-me. Sempre acreditei nas pessoas e no que elas podem trazer de melhor. Sofri desesperadamente em prol desse sonho. Sonhei que voava, dava saltos longínquos, flutuei. Plantei árvore, flores, feijão. Amei, amei, amei. Apaixonei-me por pessoas, versos, prosas, livros, músicas, ideais, profissões e mais, muito mais. Tive amor paterno, materno, fraterno, familiar, ágape, erótico, incondicional. Tive instinto maternal. Bebi, sorri, bebi, chorei, bebi, amei. Bebi vida. Bebi amor. Dancei, cantei muito. E canto essa vida até hoje e além.

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