segunda-feira, 31 de maio de 2010

Olhos nos olhos


Quando fecho meus olhos tristes
Teus meigos olhos me invadem
Olhos que sorriem para os meus
Meus olhos rasos d'água diluem-se
Então nesse momento não há como
Desprender meus olhos dos teus
Corpo e alma enfim compreendem
Essa força que nos une e acalanta
Nosso olhar é luz e fogo e graça
Quando juntos é criatividade pura
Ao te ver miro-me em um espelho
Que logo devolve-me cada reflexo
Teu olhar é porto seguro, amor meu
Onde estou ancorada para sempre
De mãos dadas ou amando-nos
Olhos nos olhos, carne na carne
É no céu que nos encontramos
Pudera eu beber cada lágrima vertida
Navegar pela distância desse mar sem fim

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Viagem infinita


Não vou perder aquela viagem
Ainda em minha carne, veículo
Passeando sobre abismos rasos
Auroras dourando a alma-casa
Pássaros de asas reluzentes
A viagem é infinita, benvinda
Refazendo cacos de construção
Vêm tremores a rondar sensações
Teus olhos a rondar os meus
Promessas de completude
Entrega mútua sem pudores
O cansaço é nada perto de ti
Pois tua presença é descanso
É vida explodindo em partes
Partes de nossa teia-história
E a saudade,  apenas tenta ser

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Alento



Alento

v.t. Dar alento; animar, encorajar. / Alimentar, sustentar. / Incitar, excitar, estimular. / &151; V.i. Respirar, resfolegar.

Teu corpo é meu espelho
E nele encontra-se
Cada pedaço de mim
E navego sem naufrágio
Sem medo ou ilusão
Em teu mar sem fim
Nas noites frias, sem luar
Fico horas a lembrar
Nosso eterno enraizar
Olho teu retrato tatuado
Na janela da lembrança
E beijo-te, meu amado
Nas horas de solidão
Firmo-me em tua existência
Pois acalma meu coração
Que bate em disrtimia
No segundo seguinte
Pela nossa alquimia
Quero de ti, o vento
O amor feito, sagrado
Seja sempre meu alento
Tudo nesta vida é ilusão
Mas quando penso em nós,
Você e eu, não!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Permita-me


Essa demora para anoitecer
E dias passam como nuvens
Eu  sei que não vou passar
Dias brancos, fios cortantes
Anseio por nossos instantes
Minha palavra é quase nada
Mas esse  sentimento é tudo
Circulos vazios  de fumaça
No abajour do meu quarto
Neste teclado empoeirado
Cansado de tanto esperar
Você chega com teu olhar
Tocando o cerne da alma
Tua imagem então aparece
E tudo em volta me apetece
Me deixa enfeitar teu corpo
E cobrir de estrelas teu cabelo
Saciarmos a fome do desejo
Aplacar a sede em um beijo
Permita-me te amar

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Anjo sem vestes


A alma terna e simplória
De um anjo sem vestes
Uniu-se ao amanhecer
Fundindo-se em lágrimas
Brotadas de meu ser
Do céu caiam gotas luminosas
Cobrindo o chão de cor e luz
O prenúncio de dias melhores
Tornou-se parte do meu dia
Recordações de um tempo de paz
O coração,  a acalmar sua fúria
De querer mandar no que não lhe compete
Por dentro a plena certeza
De que diante de tanta beleza
Nada poderia ter sido em vão
E a lua, cheia de satisfação

domingo, 23 de maio de 2010

Rosas vermelhas


Cada rosa com que enfeitaste meu corpo
De botões desabrocharam-se em flor
E são milhares de botões
Caindo em pétalas de diversos matizes
Todos eles em tons de vermelho-paixão
Lembrando-me cheiros do nosso amor
Forte, intenso e lascivo
Eternizados na beleza e na cor
Comemos cada pedaço dessa maçã-do-amor
Reminiscências de cada momento vivido
E nosso sofrer pela distância
Torna-se belo e calmo
Diante da grandeza do oásis almejado

sábado, 22 de maio de 2010

Mares distantes


Não sou desta época
Nasci em era errada
Em um tempo sombrio
Que não adequa-se ao meu
Sou de um tempo remoto
Onde havia sensibilidade
E os valores eram retos
Venho de mares distantes
Água onde às vezes mergulho
Em busca de alento e paz
Sou de ares remotos
Lugares luminosos e diferentes
Onde brinco com fadas e duendes
E descanso sem máscaras
Meu tempo é escasso
E anseio pelo momento de retornar

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Fruto do amor


Quero me encontrar
Quero te encontrar
Em mim
Quero ser um ser
Com você em mim
Em todos os sentidos
Mesmo sem ter sentido
Buscar um amor belo
No que temos a nos oferecer
Aprender e apreender
As raízes do verdadeiro
Sem dor ou complicação
Apenas com você no coração
Não preciso de regras
Nem preconceitos
Meus preceitos
Quero me inspirar
No momento sublime e exato
Recordar o futuro
Nas linhas de teu rosto
Me perder, me extasiar
Mesmo que seja loucura
Saber viver essa loucura
Para que não me arrependa
Porque tudo que é fruto do amor
Significa para mim pura emoção

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Amor - Rara flor


Estas lágrimas de chuva que caem agora
Não me convencem que devo ser triste
Por essa distância que nos separa, meu amor
Pelo contrário, elas lembram-me água que escorre
Cada vez que sinto tua presença em meu corpo
Lembrança de momentos  belos  vividos
Intensamente sentidos e absorvidos por nós
Essa chuva teimosa, que produz frio exterior
Não alcança o que vem de dentro, que é esse amor
Elas teimam em cair, mas meu cerne não alcançam
Pois ainda queima em mim nosso amor abrasador
E mesmo o mar, esse imenso e salgado senhor
Lembra-me são teus olhos, eternidade constante
Canta-me fados, rios que desaguam em mar
Esperarei sempre o que há de vir, amor meu
Com uma calma e graça de coisas que vêm da alma
Então durmo serena, certa de que estudante ainda sou
Desse amor que emerge e vem da mais rara flor

Doce prisão


Vem dele e é para ele
Tudo o que sinto
Tudo o que escrevo
Sem medo
Esse amor calado
Flui em meus versos
Meu amado
Quando a brisa chega
É seu cheiro que sinto
E quando digo chega
É para mim que minto
Esse amor desvairado
Esgarça minha solidão
E é em suas mãos
Que anda meu coração
Doce prisão
Essa nossa liberdade
Sempre teremos vontade
E nos corpos um do outro
Saciaremos esse desejo
Cobrindo-nos como num beijo
Proponho um pacto
Como testemunha, a lua
És meu
E sou tua

terça-feira, 18 de maio de 2010

Transformação


Nessas tardes frias e cinzentas
Onde o céu parece desbotado
Sinto em meu peito grande frio
A vida parece nado sincronizado
Onde as horas arrastam-se
L E N T A M E N T E

No varal da minha alma
Dependuro sonhos
São multicoloridos
Faíscas fascinantes
Nunca vistos antes
Por olhos comuns
Estão lá
Flores diversas
Rosas vermelhas
Lírios violetas
Miosótis azuis
Girassóis amarelos
E uma derradeira
Flor-de-lis branca

Minha saudade estanca

Em minha alma latente
Sangue quente corre em minhas veias
Aquecendo o dia monótono
A poesia brota de pequenos musgos
Transformando-se em flores coloridas

Um beija-flor atraído, beija e pousa

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Distração


O meu amor é distraído, nem imagina como vivo por ele, que em noites de lua cheia, a água em mim serpenteia e vai e volta batendo no espelho em que me olho para que ele me veja. O meu amor é ocupado, nem sabe como e o que faço para o entreter em minhas teias, para que ele se lembre que eu existo e estou aqui e fervo. E não sabe como eu me pinto e bordo, como me enfeito, e, para todo o efeito, permanece sem saber. Sem saber das veias, das meias em que me enfio para aquecer meu frio, e não sabe que eu ando também distraída, às vezes me sinto traída e isso tudo porque ele dorme. E ando pela casa de um lado para o outro, vou à varanda, me espreguiço na rede e quando olho a cidade, pontinhos brilhantes ao longe é seu olhar que vejo, a desfilar e dançar bem em frente a mim. Meu amor não sabe que vou ao quarto, abro o armário e boto pra fora todos os cheiros, todo o esmero, toda beleza guardada em potes de diferentes formas como é diferente a forma como o amo. Ele não me vê em meu atelier desfiando tintas e sonhos e nem dá atenção aos poemas, onde me exponho. Meu amor não sabe que em meu pensamento eu o invento, eu o transformo e ainda penso em rebentos. Ele nem sabe que depois de suspiros e providências, penso umas indecências, subo pelas paredes, escrevo cartas de amor. Meu amor não imagina que ando voando por ruas desertas, sempre alerta ao que há de vir. Ele não sabe porque me conhece bem. Meu amor é assim mesmo, distraído. Nem escuta o estampido que vem do meu coração, que é dele.

domingo, 16 de maio de 2010

Virá



Abro a janela dos meus sonhos
Por entre as frestas, arriscam-se luzes
Desejos cintilam em azuis violáceos
Arrisco uma nota sol em meu vilolino imaginário
Estrelas cadentes pousam neste instrumento
Então, nada mais causa-me tormento
A voz do vento a susurrar
Eternizado em nosso bailar
Pedaços de uma vida solidária
E, hoje vejo, nada solitária
Ver vir o sentimento inerte
Agora, sim, sempre
É querer queimar-se em fogo brando
É saber-se nascida para  doar
É saber que virá
E virá, e virá...
De ti, quero o corpo e o alento
De resto, quero-te em mim.

Soneto do Amor Total - Vinícius de Moraes, por Maria Bethania

sábado, 15 de maio de 2010

Saberes lunares



Não são tuas, meu amor, as minhas culpas.
Sou tua, aliás, sempre fui...
Hoje, no bailar das estrelas infinitas,
Sinto-me assim, como elas...
Mesmo sabendo que vais deixar-me,
À mim, não importa-me mais.
Sou sua, aliás, sempre fui...
Hoje, no cintilar da lua encoberta,
Mas cheia de si em seu explendor máximo,
Sinto-me assim, como ela...
Mesmo sabendo eu, mesclada de luz e paz,
E sabendo eu, do próximo abandono,
Permaneço sabendo que és meu...
Aliás, sempre foi.
E hoje, retida em meus devaneios,
Enlaço-me à lua, e uivo alegremente,
Porque ontem, foi você inteiramente meu.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Poema-Luz


Preparo um poema-luz
Que retira das entranhas
O mistério contido
No mais obscuro recanto da alma
Um poema que salte aos olhos
Brilhando intermitentemente
Como nos momentos em que somos
O lápis, ávido, desnudando a folha
E deixando marcas profundas
Abrindo espaços, dantes ausência
Explorando vácuos hoje preenchidos
Inundando de sal e mel o papel
E em mim, ondas revoltas
Oceanos de graça e beleza
E o verbo faz-se natural
Pleno de mim
Cheio de ti

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Devaneios


Rasga-me
Dá-me teu sabor de pecado
Devasso
Vira-me pelo avesso
Mas diga-me que por mim tens apreço
Diga que eu mereço
Para você não tenho preço
Incendeia-me
Depois, ofereça-me teu colo-berço
Tira-me do sério
Sem nenhum critério
Ofereça-me teu néctar
Parte de teu mistério
Mas sirva-te antes do meu
Sempre preparado para ti, meu Romeu
Então durma em meus braços
Acalante meus sonhos
Nosso planos
Tantos desenganos
Dê-me de presente a lua
Para que eu seja sempre tua
Encha de tesão minha inspiração
Monitore minha respiração
Entre de mansinho em meu coração
Lar de tanta devoção
E depois desapareça
Povoando de ti minha cabeça

Explicação


Minha mãe disse-me outro dia:
Menina, só pensas em poesia?
Pode não, pois lunática ficará.
Eu explico, em  poesia, mãe...

Sou um pequeno grão de areia
No meio desta vasta imensidão
Hoje me sinto menos alheia
Ao que vem do coração
Acordo mais leve e plena
Quando a sinto palpitar
Pedindo papel e passagem
Para meus versos "escrevinhar"
Agora o que vejo é mais belo
Mesmo o sândalo perfuma o martelo
Então o que faço é cantarolar
Vejo em tudo ela brotar
E grito suavemente a melodia
E viva e viva a poesia...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Doce espera


Olho ao meu redor
Vejo poesia no sol, na lua
E nas lágrimas da chuva na janela
Que acompanham minha constante espera
Em minha mente, você, doce quimera

Fecho os olhos
Penso em teu abraço envolvente
Sedento ( ambos)
Num lampejo de um distante-caloroso
Coro ( rubras faces)
Imagino teus lábios nos meus
Famintos ( duplo instinto)
Nossa pressa e calma
Sinto ( arrepios na alma)

Em minha vida complexa
Tua ausência é prenúncio
Das almejadas horas vindouras
Onde só há completude
Nossa maior virtude.

Adélia Prado - O Amor

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Forte brisa


Meu amor é forte
Qual escultura de concreto
É reto.
Caminha léguas
Transpõe montanhas
Navega mares
É erva de raiz forte
Nunca reconhece a morte.

Meu amor é brisa
Leve tal qual pluma rara
É livre.
Flutua suavemente
Baile de borboletas
Revoada de andorinhas
É todo ele harmonia
Minha mais lúcida fantasia.

domingo, 9 de maio de 2010

Sonhos

Sonhos são para se viver
A "realidade" muitas vezes
Apenas encobre a verdade
É preciso sinceridade
É preciso sentimento
É preciso esperança
E tudo acontecerá
Repentinamente...
Sonhos são para se viver
Não para se guardar
É preciso entender
Que a vida é breve
E mais breve, o tempo
Correr ao vento
Fazer realizar
Afinal,
Sonhos são para se viver

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Beija-flor


Outro dia uma flor roubou-me a atenção
Parei para olhá-la, contemplá-la
E como quem se reconhece
Enxerguei-me nessa flor
Serena, calma, colorida
À espera de cuidados
De repente, uma mosca aproxima-se
E a flor, carnívora, num ímpeto
O devora com um golpe fatal
Voltando serena a seu estado normal
Espera...
Serei mesmo essa flor?
Não, nem sequer enxergaria a mosca
Pois mesmo faminta como estou
Ainda prefiro o doce beija-flor.

Soneto da Fidelidade

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Pintura íntima


Hoje voltei ao atelier
( Queria tanto te ver)
Peguei tinta e pincel
( Como quem bebe teu mel)
Em gestos alegóricos
( Nossos corpos eufóricos)
Primeiro, um borrão
( Sinto falta da tua mão)
Sem jeito aparece uma flor
( Venha logo, meu amor)
São cores transbordando
( Sonho que estou amando)
Borro tudo em vermelho
( Teu rosto no espelho)
Exagero em tons liláses
( Não seques, meu oásis)
Agora contornos amarelos
( Não quebre nossos elos)
E enquanto formas eu criava
( Bebas da minha palavra)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Plenitude


Nas indas e vindas de humores
Permaneço em tépidos torpores
E quando a lua muda de fases
Ainda assim não somos fugazes
Nem mercúrio, plutão ou marte
Apagam esse fogo que arde
Me invadindo o corpo sedento
Mas longe de ser um tormento
Vivo sem quebrar o encanto
E entoo ao vento meu canto
Construo sozinha vários laços
Preparando nossos abraços
Momentos raros mas leais
Nada além disso quero mais
Enfeito seu corpo de cetim
E pinto minha boca de carmim
E mesmo a lua mudando sua atitude
Ainda prefiro e enalteço a plenitude

terça-feira, 4 de maio de 2010

Pedra-sabão


Em meu coração tolo
Feito de pedra-sabão
Imprimi teu nome
Desde então
O que ouço são sinos
Da terra distante
O que vejo são anjos
Que acompanham crianças
O aroma que inspiro
São de jasmins liláses
O alimento que serve-me
É parte de tua alma
E tudo em que toco
Transforma-se em ouro
E em meu sexto sentido
Tua presença constante

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Neon


Vejo um mundo diferente
Mundo azul, todo ele neon
Um pássaro desliza
O céu  protege
O vento  leva
A paisagem  camufla
E aqui, nem sequer sei voar
Completamente deslumbrada
Contemplando essa cena
Vislumbro o céu
E, no entanto,
Ao sentir a brisa desfaleço
Sim, minha alma
Livre do corpo desliza
E assim sou forte
Sou pássaro neon a deslizar
Sou vento e paisagem
Amanhece...
E meu corpo cobra a alma.

Papai


Seus cabelos prateados
Trazem o brilho da lua
Seu sorriso maroto
Guarda em si a criança
Com ele firmei uma aliança
Serei sempre sua menininha
E por isso, nunca estarei sozinha
Meu pai é belo, constrói castelo
E, ouvindo suas sábias palavras
Me acalmo, me curo dos males
Navego com ele por todos os mares
Meu pai sabe voar e pousar
E mesmo sem querer está sempre a me ensinar
A bondade, o respeito,a caridade e o amor
Por isso canto esse hino em seu louvor.

Pai, meus parabéns por essa caminhada, sempre rumo à evolução, posso afirmar que você é um grande sessentão!