domingo, 20 de setembro de 2009

Clariciana VIII

Caminhava distraída por entre viseiras e recolhía-se a conchas absurdas criadas. Saboreava a brisa que enchia seus pulmões, pulsações de uma vida repleta de cores e revelada em cada detalhe, sabores e odores flamejantes de um jardim secreto, torneado de flores e amores. Abençoada por visões sombrias e enigmas a serem decodificados. Mas a visão dantesca prosseguia envolta em nuvens esparsas e negras. Tudo prosseguia como mandava o figurino e ela cada vez mais sentia que era muito pequena diante de tudo. A vida revelava-lhe coisas das quais não gostava e mesmo assim seguia saboreando. Quando haveria de acordar? Será que um dia olharia tudo em volta e passaria a enxergar diferente, enxergar com os pés no chão? Sabia que nada sabia e esse fato também trazia dor. Sabia que para ser grande era preciso abdicar de sabores indigestos. Então deveria lutar, deixar de engolir alimentos nefastos. Mas mesmo assim prosseguia... um dia haveria de chegar o anjo branco que a levaria aos céus. Mas divagava: não estaria esse anjo dentro de si?

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