sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Onírico vigilante


Caí da cama mais cedo
Era o vento inerte a sondar
Ares absolutos feitos no ar
A mesma velha chama a clamar
Distraída, corro os olhos na janela
Teria hoje lua para bailar?
Vou ao céu tentar encontrar
O que no sonho feliz ficou
Minha vida a rodopiar
Borboleteando, bailando
Arrancando dos olhos a viseira
Dizendo pétalas em nomes
Ângulos convergem precipícios
Precipitados de ânsia
Olho o olho que me olha
No espelho, olho mas não vejo
Reflexo de reflexões
Sons e silêncios de água
Em busca de mim
Tentando me encontar
Em outro lugar

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Insone


Ego sem endereço certo
Desapareço
Ruas esparsas
Revirando lixeiras
Criando comparsas
Gotas esparsas
Espelhos de pura relexão
Encaro a face da fera
Habitada em meu coração
Escapo ilesa dessa beleza
Num tempo torto
Faltoso
Tramo teias em meu balaio
Enquanto insone  distraio
Afogada retraio
Disfarçada
Esquivando-me
Fraca luz do abajour
Convidando-me para o sono
Que não vem.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sei


Minha alma profana
Nada almeja 
Sonhos coloridos abrem asas
E no fim da noite pousam leve
A superfície do rio que corre em mim
Transborda de seres múltiplos
Todos eles alados ou de nadadeiras
Meu ser cobre-se de tenra luz
Levando para longe as desavenças de outrora
A vida é multicolor
E pássaros cintilam em suas plumas douradas
Encantadas por quimeras
De onde vim e para onde irei
Minha miopia ainda interna
Minha utopia ainda inacabada...
O sol quando se põe não sabe onde vai
Assim, sei-me.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Dindinha Lua


A lua tímida tenta no céu florir
Tímida, me mantenho
Sou reflexo da lua
Espelho em que me miro por inteira
Mimos de um ser em crescimento
Teimando em não acinzentar-me
Como as nuvens que encobrem
Meu ser é todo ele interrogação
Para dentro de mim, além do corpo
Para fora, além da razão
Questionamentos cercam-me
O sim, o não,
Contradição...
Sou eclipse em ascenção