quinta-feira, 4 de junho de 2009

Clariciana V


Pensou então naquelas pessoas com as quais perdera o contato. Assustou-se. O número de pessoas muito especiais era grande, nem talvez pela quantidade mas pela qualidade. Pessoas que outrora eram essenciais. Como recativá-las? Trazê-las para o lugar onde não devia ter deixado-as saírem... Perdia-se em longos devaneios acerca de como agir. E isso trazia-lhe tanta dor quanto a que derivava-se de sua descoberta. Resolveu então que não iria mais pensar mas até esse seu pensamento doía-lhe. Desde que virou adulta adulterou-se. Acostumou-se a viver na esfera intelectual e isso impedira-lhe de entrar em contato. Impedira-lhe de viver. Às vezes pensava em desistir ( continuava pensando...), mas em seguida retomava sua sina. Não queria viver do que desistisse. Não podia compreender-se ainda, mas aprofundava-se cada vez mais na busca. Não aceitava o que era para não se passar por tola e essa era a sua mais secreta tolice. Temia a expansão que experimentaria ao entrar em contato consigo mesma, medo do medo de ter medo. E o medo sempre mobiliza. Então deveria também expurgar seus medos. Mas isso significava voltar a ter autoestima...será que perderia amor se deixasse de ser vítima? O medo retornava... mas já sentia um progresso pois agora começava a entrar em contato com seus sentimentos verdadeiros. De repente caiu em si de que construira um templo e enfeitara-o muito mas nunca havia ingressado nele. Expulsou dele os que mais ama. A solução era tão simples e clara que chegou a duvidar dela. Teria que olhar para si, ir ao encontro de sua alma e pedir para que ela gritasse. O Templo interno deveria ser contemplado novamente. O Templo traria seus amigos de volta. O tempo traria.

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