sábado, 2 de outubro de 2010

Considerações sobre a paciente insistente


Ela pensa que a dor é coisa fincada no coração da gente e que puxa a gente pro centro da terra tentando nos firmar no buraco que vem do vazio da mente da gente, que mente. O que ela não sabe é que se não é pelo amor é mesmo pela dor que a gente cresce, ou melhor, transmuta. E nesses dias de chuvas primaveris é dentro dela que chove, como uma tortura fininha, lambendo-lhe a pele e a alma. Ela olha pela janela, na vidraça, as gotas que caem são dela e pelo rosto escoam em tórridas sensações de plenitude e vazio. Conta os quatro ventos que ama, que chora e que goza. Conta que está viva ainda e quer e pode. A menina-mulher pensa que é tristeza, mas dela emana-se luz de sol. Porque lá dentro dela a semente brotou e embora tímida quer luz, e briga pra sair por aquela fresta que ainda resta. E vai ser exatamente naquele dia D,  dentro do seu vestido azul que ela vai sentir e vibrar, pois com ela hão de se fiar no firmamento todas as estrelas...

2 comentários:

  1. Sincronicidade, minha querida!
    A nossa única diferença é nunca ter brotado uma semente dentro de mim.
    As vezes amor e dor são um sentimento só.
    Bjs.

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  2. Pela minha leitura penso que és a pessoa indicada para escrever um texto desta natureza!

    Beijo carinhoso do ZÉ

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Eu não sei dizer nada por dizer,
então eu escuto...
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